sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Exaustão

Estiveste aqui, desde sempre, não me lembrava do que era viver sem ti, mas talvez não fosse assim tão difícil se não conhecesse a forma como os teus lábios tocam o meu cabelo quando me abraças, se não conhecesse o teu cheiro, a aspereza das tuas mãos que sabe tão bem nas minhas, a suavidade dos teus lábios nos meus, se não soubesse todos os traços do teu rosto de cor, se não pensasse em ti todos os minutos, segundos, milésimas de segundo do meu tempo, se não te visse o olhar fixo no meu e a sensação de partilhar a mente, o eu, o ser. Difícil foi sim, quando te fechaste no teu próprio mundo, quando me empurraste para longe e deixaste de ser quem conhecia o meu eu, não imaginas a dor que me provocaste ao esquecer tudo aquilo que és, tudo aquilo que sou, tudo aquilo que somos, éramos juntos, não imaginas o sofrimento que me fizeste sentir ao ver parte de mim perder-se em si própria e deixar de ser o que era, não imaginas o que me fizeste sentir ao ver-te morrer um pouco todos os dias, e levavaste um pedaço de mim sempre que a tua luz desvaneceu um pouco, desvaneceste até apagares. Morreste durante um minuto, e foi a pior sensação que já tive, mas não tardou o momento em que comecei a ouvir o lento e fraco bater do teu coração outra vez no meu, fraco, tão fraco, mas vivo, e tentei juntar todas as minhas forças para te fortalecer, para voltares a ser o que eras, para voltarmos a ser o que éramos, para nos conhecermos de novo, para nos analisarmos de novo, para sentir o gosto de ti em mim outra vez. Mas estou exausta de tanto esforço e não sei se tenho força suficiente, não sei se consigo trazer-te de volta, não sei se alguma vez serás o mesmo. Só sei que neste momento não és o tu que eu conheço, não és o tu que me conhece, e não te consigo deixar ir, mas também não sei se alguma vez serei capaz de te deixar ficar, não sei se consigo ficar, apenas com memórias como sustento para a alma, apenas com fragmentos de ti.

5 comentários:

she. disse...

Fragmentos- Mais uma vez; Conheces?

Seria mais fácil se não houvesse conhecimento de nada, de todas aquelas coisas boas que partem sem nós nos apercebermos. Nem podemos dizer sequer que deixámos partir porque, na verdade, nós nem sabemos como é que elas se foram (...)
Ficamos fracas, sem saber se valerá a pena do que for. Ficamos estagnadas ali a redimirnos por não sermos capaz de mais ou de serm os capaz de tanto para tão pouco (...)

Ana Moreira disse...

Um óptimo blog! Também vou adicionar, adorei!

ana disse...

Que texto, adorei. (:
Serás sempre bem-vinda, e vou seguir também.
Beijon *

ana silva disse...

Obrigada. :)

Wilson disse...

Gostei :)